Pular para o conteúdo principal

Primeiro Beijo

  

  Aquele encontro tímido. As palavras eram medidas, mas a troca de olhares não era capaz de conter o verdadeiro desejo que se fazia oculto naquele momento.  O tremor tomava conta do corpo dela. Ele era como um corpo fechado, difícil tentar decifrar. O coração da menina batia a cada palavra dita pela boca daquele estranho, afinal era a primeira vez que se viam.



  Quanto mais o tempo passava, menos a garota queria se distanciar dele. Sentia um nó na garganta por estar chegando a hora de partir sem receber um ósculo qualquer. Lembrou da recepção que tivera ao se reconhecerem: abraço demorado. Um aconchego que aliviava a cruz que trazia na alma. Afagou-lhe os cabelos, pretos, desalinhado pelo vento que fizera enquanto procurava pela casa do estranho.

  Nessa procura, suas pernas tremiam, tudo que conseguia externar era um sorriso louco, insano, de saber que encontraria finalmente seu cúmplice de conversas e teorias furadas. A medida que buscava pela casa, sentia também medo. Medo de estar se apaixonando por ele. Não poderia saber jamais. Caminhou calmamente, respiração cada vez mais ofegante.

  Alí estava. Abaixou a cabeça para esconder o riso que escapou ao ver que ele estava a sua espera. Como era alto. Olho-a e a menina se sentiu perdida naquela mirada. Fitou-o e foi correspondida com um longo abraço. Era como uma boneca naqueles braços, pequenina, indefesa, apesar da dor que marcava seu âmago. Entraram e conversaram por horas.
 
  Ele levou a garota para casa e por fim, chegaram ao destino final, despediram-se amistosamente. Os dois seguiram seus rumos. Mais tarde, ao conversarem, umas 2 da madrugada, o garoto faz a pergunta que gelou a menina:

"Se eu for aí, você me dá um beijo?"

 Confirmou a resposta e em cinco minutos lá estava ele, esperando pelo grande prêmio da noite.

  O beijo aconteceu. O tremor que tomou conta dela anteriormente já não existia. Era perfeito.

Ela o amou.



Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Sobre Saudade, segundo Beatrice

Sabe quando você tem aquela vontade imensa de comer brigadeiro e consegue apenas um? Para aproveitar a oportunidade, delicia-se intensamente a cada pedaço colocado na boca? Só para lembrar do gosto depois? Então, é uma metáfora piegas, brega, mas é a verdade: Ele é meu brigadeiro. Os poucos momentos que passamos juntos fiquei quieta para ouvi-lo, observar todos os movimentos, respiração e trejeitos dele para que tudo isso ficasse claro na minha mente. Não quero perder essas lembranças. Mas hoje, quis que o dia acabasse logo para me livrar dessa saudade toda. Às vezes ela se torna insuportável. Queria sentir as mãos dele mais outra vez na sua cintura.

"...Do teu beijo que me inflama"

  Beatrice tinha medo do que ocorreria. Tinha medo de que fosse inevitável apaixonar-se por Vinicius. Não eram iguais, não eram em todo diferentes, havia uma sincronia de pensamentos, toques e olhares. Tudo era tão simples e acontecia tão naturalmente que começava a desconfiar dessa felicidade que sentia. Como na leveza de passos de samba, ele sabia conduzi-la. Encantador. Percebeu que não tinha como fugir do que tanto afligia. Já tinha caído na armadilha. A menina era um pardal assustado.   Los Hermanos era insuportável para ela, mas quando estava com ele no pensamento ou  pessoalmente, deliciava-se com aquele ar melancólico da banda. O toque das mãos dele revelava sensações nunca sentidas antes, aquele arrepio no corpo que só conseguia sentir com ele. Às vezes, apenas a presença do rapaz era necessária para conduzir correntes elétricas na pele da moça. A boca de Vinicius fora moldada pela dela, era a única certeza que tinha. ...

Could Have Been You- Joss Stone

    There is no gain Only pain My heart cant take it all straight I can't sit on the sheft I'll give my love to someone else