Pular para o conteúdo principal

Knife


A saudade a deixava confusa. Gostava das lembranças que invadiam cada pedaço de sua mente, mas estranhava aquele vazio no estômago. A memória encharcada de lembranças permitia que relaxasse.

 Tomou mais um gole da cerveja, deixou a playlist rolar, fechou os olhos, tentou limpar todas as recordações da cabeça. Tentou. Intento falho: sempre desistia quando lembrava de como se perdeu ao fixar seus olhos nos dele e das palavras ditas antes de ligar o carro e partir. Esboçava assim, um sorriso.

 Ainda sentia o peso de coordenar todos aqueles sentimentos. Dizia para si que mudar era bom, mas era complicado lidar com algumas coisas novas. Estava satisfeita. A tarefa tornava-se árdua por vezes.

 Segurar as lágrimas não era uma missão fácil. Desistiu e se entregou ao que a consumia. Pensou em escrever. Preferiu descansar a cabeça. Deitou e percebeu que ainda faltava algo, sabia o que era.



Suspirou, a insônia ainda a perseguia. Beatrice só queria se livrar daquela saudade toda. Doía, a alma sangrava. Só queria paciência e que o tempo resolvesse tudo imediatamente.

Tinha que esperar...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

"...Do teu beijo que me inflama"

  Beatrice tinha medo do que ocorreria. Tinha medo de que fosse inevitável apaixonar-se por Vinicius. Não eram iguais, não eram em todo diferentes, havia uma sincronia de pensamentos, toques e olhares. Tudo era tão simples e acontecia tão naturalmente que começava a desconfiar dessa felicidade que sentia. Como na leveza de passos de samba, ele sabia conduzi-la. Encantador. Percebeu que não tinha como fugir do que tanto afligia. Já tinha caído na armadilha. A menina era um pardal assustado.   Los Hermanos era insuportável para ela, mas quando estava com ele no pensamento ou  pessoalmente, deliciava-se com aquele ar melancólico da banda. O toque das mãos dele revelava sensações nunca sentidas antes, aquele arrepio no corpo que só conseguia sentir com ele. Às vezes, apenas a presença do rapaz era necessária para conduzir correntes elétricas na pele da moça. A boca de Vinicius fora moldada pela dela, era a única certeza que tinha. ...

Metade- Narrado por Beatrice

 02 horas da madrugada, Canadá, em um lugar não muito movimentado, com 6 pessoas. Vento frio. Entre sorrisos, histórias e gente nova, a lembrança dele se fazia presente. Enquanto estive fora do Brasil, tentei sentir o novo, pensar e tomar atitudes diferentes. Só que a cada passo dado lá estava ele.  Durante conversas, sorrisos e tiros ao alvo com bolas de neve, me distanciava por um momento, meus pensamentos vagavam em um plano longíquo dalí. Lógico que os 03 dias que passei alí foram maravilhosos, uma oportunidade ímpar e um grande incentivo para meus planos de uma clínica para autistas. Mas ainda me faltava um pedaço. A saudade da cama dele era maior que qualquer coisa dentro desse espaço de tempo.  Quantos cigarros mentalmente fumei. Bebia para anestesiar a falta que ele me fazia naquele momento. O whisky descera de forma cortante pela minha garganta, como se eu já estivesse engasgada com algo. Botava a culpa naquele vento cortante que emaranhava meu cab...

Know It

  De longe ele foi a melhor coisa que aconteceu na vida de Beatrice. De fato, não queria perdê-lo, mas não podia evitar isso. Sempre será grata por Vinicius ter devolvido a melhor parte dela.   A essência ao ser tocada, deixa marcas... ela sabia que ele não iria esquecer dela, não da forma de duas pessoas que se amam, mas da amizade que ainda restara depois de tudo.   Ainda doía cada pedacinho da alma, mas já arriscava um sorriso.