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Ponto morto



  A tempestade que já tivera sido prevista havia chegado. As luzes apagaram-se e chovia naqueles olhos castanhos, a visão tornou-se turva, pouco tempo depois, nada podia ser enxergado. A água tinha invadido a sua moradia.

  O corpo havia se tornado um campo árido devido a falta do toque dele. E como essa realidade a assustava! Tanto que a deixava paralisada e fragilizada. Tão fragilizada que chegou ao ponto de sentir-se impotente diante as mais diversas situações.

  O cabelo negro era como um dia de tempestade. E sua vida era assim: tempestuosa. As ondas que o conjunto de fios formavam, faziam com que o seu cabelo fosse semelhante as ondas de um mar agitado, como se a maré estivesse sempre alta. Ao tocar no ombro dela, era como se a arrastasse para aquelas águas profundas de uma imensidão sem fim.

Sentia a falta dele.

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