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Absorto

  Chorava compulsivamente. O coração latejava. O mundo começava a apertar em sua volta. Só lhe restava chorar. 

   O ano tinha começado das piores maneiras possível e ainda tinha que encarar aquela saudade. A força tinha se esvaído. Tantas lutas, apenas perdas.

  Sofrimento fora prolongado. Há duas madrugadas a menina se perdia no meio das reminiscências e a dor, que foram as únicas coisas que restaram. Dias difíceis. As lágrimas incorporavam as entrelinhas  do que escrevia naquelas páginas. Borradas as palavras escritas em tinta preta. Folhas amassadas, resultado do ápice da dor, da angústia que sentia.

  Não entendia porque as pessoas eram tão incongruentes, principalmente ele. Se ele a elogiava, se passava a mão entre o cabelo negro dela com tanto carinho, se eles se davam tão bem, por que não a queria?

  Estava cansada de só retroceder, de tentar arranca-lo dos pensamentos, o coração sangrava pelos pedaços que deixou. Cansou-se da fuga, porque tentar não pensar nele, tentar escapar daqueles momentos que, para ela, foram memoráveis era insuportável. Era admitir uma morte interior. Não queria morrer, mas dentro dessa situação, era necessário para seguir em frente. Era um suicídio tentar apagar a memória e o que sentia.



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