Tinha cabelos negros e longos, os fios em conjunto, formavam ondas na maré alta diante à lua cheia, eram inquietas, agitadas assim como sua mente. Pensava em tudo, pensava no mundo. A curiosidade era o que movia o mundo dela.
Longe de qualquer perfeição ou de ser definida assim, Beatrice se autoadjetivava como um pequeno desastre. Pequeno por sua estatura. Media cerca de 1,65m. Era letárgica diante elogios. Não acreditava, era cética em tudo. Ao mesmo tempo que era razão, agia como o coração. Era intensa, experimentava e vivenciava por inteira tudo que era proporcionado, mesmo que isso custasse deixar um pedaço seu seja na mesa de um bar, seja com alguém.
Havia algo que a incomodava: Não conseguir ser definida em nenhuma letra de Chico Buarque, nem nas mulheres que intitulavam as canções.
Um dia sentou em uma calçada qualquer, mirava encantada o céu estrelado. Tentava lembrar de quantos "eu te amo" havia falado e o que já tinha escutado. Cansou de lembrar todos o que disse, desistiu de contar e chegou a conclusão de que falou mais do que ouviu. Nesse momento os olhos baixaram-se e o mundo calou-se pela primeira vez.
Achava engraçado como sua vida andava em desalinho. Ora, ela era uma grande pândega em desatino. Pandêga, o epíteto mais coerente para toda aquela loucura. O que a menina, de 20 anos até então, queria era apenas encostar a cabeça no ombro dele e senti-lo. Descobriu que a saudade doía.
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